Fonte: Acritica

Ontem, o Ministério dos Transportes divulgou o relatório do grupo de trabalho da rodovia, criado há seis meses

A infindável novela da reconstrução da rodovia BR-319 acaba de ganhar um novo capítulo, como é comum em ano eleitoral. Ontem, o Ministério dos Transportes divulgou o relatório do grupo de trabalho da rodovia, criado há seis meses, que concluiu o óbvio: há viabilidade técnica e ambiental para recuperação da via que liga Manaus a Porto Velho, em Rondônia. O estudo contempla as intervenções previstas para o chamado “Trecho do Meio”, que vai do quilômetro 250 ao quilômetro 655, e também para a Linha C-1, que inclui a travessia do Rio Tupana – quilômetro 177 ao 250. Com esses trechos plenamente recuperados e com perfeita trafegabilidade, estaria realizado o antigo sonho de ter uma ligação terrestre efetiva do Amazonas com o restante do País. 

A novela da BR-319 se arrasta há tanto tempo que qualquer notícia a respeito de uma eventual recuperação é sempre recebida com certo ceticismo. A situação deplorável da rodovia é uma eterna bandeira política que tremula mais intensamente à medida que se aproximam as eleições, ainda que municipais, como é o caso deste ano, em que estarão em jogo apenas cargos que não podem atuar diretamente sobre o empreendimento.

Porém, desta vez há motivos para ter alguma esperança. A falta de diálogo amplo, com participação daqueles que serão diretamente impactados pela obra sempre foi um dos problemas centrais da questão. Para chegar a seu relatório, o grupo de trabalho ouviu ministérios, órgãos envolvidos, e a sociedade. Foram discutidas soluções como passagens aéreas e subterrâneas para a fauna, e até mesmo o cercamento de 500 quilômetros para prevenir desmatamento ao longo do trajeto, um dos grandes temores dos ambientalistas. O fato de as pastas dos Transportes e do Meio Ambiente conseguirem conversar a respeito do projeto falando a mesma língua é um grande ponto positivo.

Resta saber se o projeto ficará só no relatório do grupo de trabalho ou se haverá passos concretos visando a realização da obra. O impasse se estende por décadas, sem nunca sair do mesmo lugar. A atuação do grupo de trabalho é uma das ações previstas no Plano Regional de Desenvolvimento da Amazônia (PRDA) 2024-2027, lançado pelo governo federal em dezembro do ano passado e que prevê a repavimentação do trecho do meio dentro dos próximos três anos. Aguardemos.