Uma pesquisa realizada pela Associação Nacional de empresas de Transportes Urbanos (NTU) afirmou que cerca de metade das capitais do Brasil já não estão utilizando cobradores no transporte coletivo. Entre as capitais, 14 das 26 adotaram a medida, entre elas Belém, Belo Horizonte, Florianópolis, Campo Grande, Fortaleza, Goiânia, Macapá, Natal, Palmas, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Vitória.
Ainda de acordo com a pesquisa, o Brasil tem cerca de 3.300 municípios com serviço de transporte público municipal e essa possível retirada dos cobradores poderia representar um corte de custos para as empresas, o que pode ajudar a baratear a passagem. Segundo avaliação do sindicato, o cobrador custa cerca de 0,70 centavos da tarifa estipulada hoje (R$ 3,80).
Em Manaus esse assunto ainda é muito debatido e divide opiniões entre empresários, rodoviários e passageiros. O assunto até virou proposta de projeto de lei na Câmara municipal de Manaus (CMM). Porém o projeto ainda em tramitação, visa manter o emprego de mais de três mil cobradores das empresas que operam o sistema, que ficariam desempregados caso a medida seja implementada na capital.
Mesmo sem análise técnica e manifestações de prestabilidade por meios dos órgãos administradores e fiscalizadores do transporte coletivo na capital amazonense, testes já foram feitos por algumas empresas do sistema.
“Umas duas ou três empresas tentaram testar nas ruas o serviço sem cobrador, mas o sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário de Manaus (STTRM) não permitiu. Eles não podem retirar (o cobrador) porque o salário dele está inserido na tarifa e isso iria reduzir o valor da tarifa. Eles vão fazer isso se tirar essa despesa? Não vão”, comentou secretário geral da entidade, Elcio Mota.
Elcio destaca que o projeto de lei na CMM tem como objetivo evitar o corte da função e revela que mesmo as empresas colocando ônibus novos e dando espaço para os profissionais virarem motoristas, a situação ficaria nociva.
“Não daria certo porque, além de sobrecarregar o motorista, poderia causar acidentes, pois não tem como ele dirigir e fazer a cobrança. Já pensou um ônibus da linha 418 em uma viagem longa, cansativa, ele fazendo as duas coisas? Em alguns estados onde a medida foi implantada os sindicatos estão brigando para mudar essa situação”, afirma o sindicalista.