Fonte: Portal do Trânsito
O Brasil assumiu o compromisso da ONU de reduzir em até 50% o número de mortes em sinistros de trânsito até 2030. No entanto, estamos cada vez mais distantes de atingir esse objetivo. Pelo contrário, estamos retrocedendo e assistindo ao aumento das mortes e sinistros de trânsito no Brasil. Dados recentes da PRF mostraram que, pela primeira vez desde 2019, o número de mortes devido ao descumprimento da Lei Seca deve aumentar.
A flexibilização das leis de trânsito e o descrédito coletivo do Sistema Nacional de Trânsito têm ultrapassado o limite do aceitável, tornando a situação cada vez mais perigosa. As políticas de educação e conscientização para o trânsito têm se mostrado ineficazes, produzindo apenas mudanças temporárias de comportamento. Isso ocorre porque muitos motoristas estão tomados por problemas emocionais e psiquiátricos, como ansiedade, depressão, alcoolismo e dependência química.
As campanhas educativas, por mais bem-intencionadas que sejam, não conseguem atingir esses motoristas de maneira eficaz. É necessário um enfoque mais profundo e sério na saúde mental e psicológica dos condutores.
A implementação de avaliações psicológicas regulares para todos motoristas surge como uma medida urgente e extremamente eficaz, na medida em que irá suprir vazios e necessidades que corroboram a adoção de práticas inseguras no trânsito. A psicologia do tráfego tem como foco o comportamento humano apresentado dentro de um sistema onde automóveis e pessoas interagem. Ao promover a adoção de ações racionais e permanentes nesse ambiente coletivo, ela permite a replicação desse modelo comportamental em todos os demais ambientes de convívio, impactando positivamente na sociedade.
Países como Espanha, França e Austrália já adotaram a avaliação psicológica obrigatória para motoristas, a partir da leitura da mudança dinâmica do comportamento global de nossa população , e já relataram uma redução significativa nos acidentes de trânsito. Esses exemplos internacionais demonstram que essa medida pode salvar vidas e melhorar a segurança viária, mitigando tragédias e gerando desenvolvimento.
Prioridade
No Brasil, o Sistema Nacional de Trânsito precisa ser uma pauta prioritária, especialmente diante do colapso da Previdência Social e do Sistema Único de Saúde, que não conseguem mais suportar os custos decorrentes dos acidentes de trânsito.
A insegurança no trânsito retira cerca de R$ 21 bilhões da economia brasileira todos os anos, segundo levantamento realizado pelo Centro de Liderança Pública. A redução de sinistro implica na diminuição dos custos com tratamentos de saúde, previdência e prêmios de seguros. Menos acidentes resultam em menos internações hospitalares, cirurgias e tratamentos de reabilitação. Dessa forma, aliviando a pressão sobre o sistema de saúde e reduzindo os gastos públicos e privados, além de reduzir a perda de força produtiva.
A implementação de políticas públicas eficazes, como a avaliação psicológica para motoristas, será inegavelmente o segredo do progresso econômico de países que conseguirem perceber que investir na prevenção é muito mais lucrativo que gastar com o problema.
Exemplos internacionais mostram que essa medida é eficaz, e a realidade brasileira exige ações imediatas. Continuar negligenciando esses fatos é inaceitável, e é hora de nossos gestores saírem da zona de conforto e adotarem medidas eficazes para garantir a segurança viária e a saúde pública coletivamente, através de políticas públicas amplas e norteadas pelo desejo de reduzir tragédias e gerar riquezas.