Um estudo desenvolvido no Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) consegue fazer o reaproveitamento de diferentes tipos de resíduos, como cascas de tucumã, sementes de cupuaçu e até lodo de esgoto, para criação de biodiesel.
O pesquisador do CBA, Flávio Freitas, é um dos responsáveis pelo estudo e explicou que, para a obtenção do biodiesel, óleo e álcool são colocados em um recipiente, mas não se misturam. Então, os pesquisadores usam catalisadores para unir as substâncias.
Freitas explicou que os catalisadores são obtidos a partir dos resíduos coletados de diferentes substâncias. Atualmente, o CBA utiliza cascas de tucumã, sementes de cupuaçu, pilhas usadas, uma pedra que é encontrada na cabeça de um peixe, conhecido como pescada, e também lodo de esgoto para obter os catalisadores.
“A gente aplica os resíduos os modificando e os aplicando como catalisadores para a produção do biodiesel. Além de obter esses catalisadores a partir dos resíduos, a gente também consegue extrair fontes oleaginosas como manteigas e diferentes óleos. Com esses catalisadores, é possível também produzir um biodiesel de alta qualidade aqui no CBA”, informou.
Método é menos poluente ao ambiente
A produção do biodiesel com o método feito no CBA é menos poluente e o processo permite que resíduos que muitas das vezes costumam ser descartados, possam ter uma nova finalidade, além de ser reutilizados por diversas vezes.
“Esses catalisadores, por serem obtidos a partir de resíduos, e também por poderem ser reutilizados várias vezes, reduz o custo da produção do biodiesel, facilita que seja produzido em larga escala e também fazendo de alguma forma que cheguem à população como o uso em ônibus e caminhões, com uma quantidade maior do biodiesel misturado no diesel e também poluir muito menos o meio ambiente”, afirmou Freitas.
Edson Pablo é um dos pesquisadores do projeto e afirmou que a menor poluição causada pelo biodiesel produzido no CBA condiz com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo o pesquisador, dois dos objetivos são a utilização da biodiversidade e a utilização de fontes renováveis. O trabalho realizado com essas finalidades, segundo ele, pode trazer grandes impactos positivos para a sociedade.
“Quando a gente tem esse processamento que vai ao encontro dessas diretrizes internacionais, nós temos um angariamento ainda maior de recursos para a região. Isso não favorece não só a questão do desenvolvimento sustentável, como as melhorias das questões socioeconômicas da população de uma forma geral”, disse.
Projeto além do laboratório
Freitas informou que o projeto de criação de biodiesel através de diferentes tipos de resíduos foi indicado a um premio internacional de energias renováveis. A visibilidade recebida fez com que muitas empresas entrassem em contato com o CBA.
“Nos procuraram com o objetivo de escalonar a produção do biodiesel. Algumas empresas do sul do país e também daqui do Norte e nós estamos em tratativas para colocarmos esse projeto para fora do laboratório em larga escala em indústrias. Só quem ganha é o meio ambiente por poluir menos o ar, além de evitar a poluição por esses resíduos também”, finalizou.
Fonte: Patrick Marques, G1-AM
Foto: Patrick Marques, G1-AM